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sábado, 26 de março de 2016

LISTA DA ODEBRECHT

Arquivo da Odebrecht acusa MP de proteger políticos


Um documento apreendido pela Polícia Federal no escritório da
 empreiteira Odebrecht, no Rio de Janeiro, durante a 23ª fase da
 Operação Lava Jato, acusa procuradores do Ministério Público
 Federal (MPF) de proteger políticos com mandato para não perder
 a alçada das investigações e dos julgamentos em curso. A análise,
 feita para consumo interno da companhia, diz que os procuradores
 “querem julgar rapidamente os empresários como os responsáveis
 pelas mazelas da corrupção no país, tornando-se heróis da pátria,
 julgando somente uma parte do problema, como se esta fosse causa
 principal”.
E deduz: “Talvez porque considerem que a verdadeira causa, que será 
julgada pelo STF, vai acabar em pizza”.
O documento com sete páginas e sem assinatura é parte de um exame
 mais extenso sobre a situação geral das empreiteiras. O texto acusa o
 MPF de adotar uma “interpretação corporativa e leviana, que só aborda
 um lado da questão” da corrupção no país. Disponibilizada pelo juiz Sérgio
 Moro, a peça não tem data ou timbre da Odebrecht. Junto com extratos
 bancários e uma listacom nomes de centenas de políticos de
24 partidos que receberam ajuda financeira da companhia, o texto
 foi resgatado no escritório de Benedicto Barbosa da Silva Júnior, diretor da
 Odebrecht, e faz parte do item 8 do auto de apreensão 195/2016.
A análise cita fatos recentes da crise política e acusa o trabalho da Lava Jato 
de ser uma “distorção da realidade”, e não “a maior investigação de corrupção 
e lavagem de dinheiro que o Brasil já teve”. Escrito para servir de defesa das 
empreiteiras, o documento acusa os procuradores do caso de atribuir “à
 organização do esquema de corrupção às empreiteiras, não ao governo,
 tratando financiamento de partidos políticos como uma consequência, não como
 origem e objeto central do esquema de corrupção”.
O texto considera uma boa iniciativa do MPF a criação do site específico
 para informar à população sobre suas atividades no combate à corrupção
 por meio da Lava jato. Mas alerta que “seria necessário aprofundar as
 investigações antes de, apressada e superficialmente, contar mentiras no
 site”. A análise considera as empreiteiras vítimas dos políticos:
 “Definitivamente, as informações já disponíveis, aí incluídas as delações
 premiadas, indicam que não foram as grandes empresas de construção de
 engenharia industrial as responsáveis iniciadoras da corrupção na Petrobras”.
Capa do documento com a análise da Odebrecht
Sem citar nomes ou partidos, a peça também faz uma análise da atuação das empreiteiras desde a década de 1980. Alega que o Estado desempenhava o papel central de investidor nos grandes empreendimentos na área de infraestrutura e na implantação da base industrial do país. A análise diz que o planejamento e os projetos executivos eram de responsabilidade do Estado, que priorizava os investimentos, definia as políticas e subsídios para cada setor e os orçamentos. Segundo o documento, imperava “a irresponsabilidade fiscal na execução dos contratos”. Na década
 de 1990, ainda segundo o texto, o processo de privatização de alguns
 segmentos destinou às empresas a elaboração de projetos executivos, o que
 transformou as construtoras em empreiteiras de obras e responsáveis por
 todas as fases da obra, com exceção da licitação.
Desmando e conivência
A análise, na verdade um reforço da defesa das empreiteiras, diz que a
 Petrobrás adotou o modelo de farm out, delegando a terceiros os investimentos
 que a estatal precisaria fazer, mas não dispunha de recursos. O documento
 elogia o rigor das áreas técnicas da petrolífera e a qualidade dos seus executivos
. A estatal, segundo o texto, sempre pode “impedir a formação de cartéis de 
fornecedores, de projetistas e de empreiteiros”. O material acusa a companhia 
de ser conivente com os desmandos descobertos agora na Lava Jato.
“Não dá para acreditar que grandes empresas concorrentes pudessem iniciar
 uma cartelização pura a ponto de subjugar uma empresa do porte da Petrobrás,
 sem o seu conhecimento e a sua vontade”, diz outro trecho do material.
Para justificar seu entendimento, a análise apreendida na Odebrecht alega 
que a relação das empresas concorrentes e fornecedoras da Petrobrás não
 é amistosa e que a competição entre elas é bastante acirrada, além da
 capacidade de julgamento da área de engenharia da companhia com 
profissionais experientes, sérios e isentos. “É a Petrobrás que 
licita. É ela que decide a quais empresas 
serão enviadas as Cartas Convites”, diz o
 texto.
Documento é apócrifo
O documento alega que os casos investigados pela Operação Lava Jato “nasceram, em certas áreas da Petrobrás, do achaque, da concussão, de empresas prestadoras de serviços e fornecedoras que, evidentemente aceitaram praticar o sobre-preço em benefício de agentes públicos, políticos e seus partidos, com a participação de doleiros para a lavagem do dinheiro”.
A análise lembra que a corrupção, ao contrário do que diz o site dos procuradores da Lava Jato, não teria nascido das empreiteiras,
 e sim na estatal.  “Ao contrário, tais empresas, com longa tradição de
 prestação de serviços à Petrobrás, dentro da maior lisura, forçadas a contribuir
 para projetos de poder, começaram a aceitar participar de práticas criminosas
 para poder conquistar contratos e cobrar seus recebíveis”, acrescenta o
 documento.
Em nota encaminhada à reportagem, procuradores da Lava Jato diz
 desconhecer o documento. “A Força Tarefa Lava Jato não tem
 conhecimento sobre este documento e seu teor. Contudo, no site da
 operação (www.lavajato.mpf.mp.br) podem ser encontradas todas as
 informações sobre as investigações, a deflagração das fases e 
oferecimento de denúncias desde o início dos trabalhos, no ano de
 2014. A evolução das investigações levou ao desvelamento do esquema
 de corrupção primeiramente frente aos núcleos de operadores
 financeiros (doleiros) e, posteriormente, avançando até chegar 
aos núcleos de agentes públicos (ex-diretores), núcleos de
 empresários e, por fim, de agentes políticos. O site é atualizado
 conforme o avanço das investigações”, explicou o órgão.
A assessoria de imprensa da empreiteira Norberto Odebrecht não
 se pronunciou sobre o documento. Já os procuradores da Operação
 Lava Jato foram procurados para comentar o assunto, mas ainda
 não deram retorno aos contatos. A reportagem do Congresso em 
Focoregistrará o posicionamento das partes envolvidas no assunto 
tão logo ele seja encaminhado.





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