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sexta-feira, 17 de julho de 2015

FARRA COM DINHEIRO PÚBLICO

Colunistas  Lúcio Big Lúcio Big

Ativista digital, Lúcio Big fundou a Operação Política Supervisionada
 e mantém blog ecanal no Youtube voltados para a fiscalização de 
gastos públicos e da atuação de autoridades.

Outros textos de Lúcio Big.

Câmara paga R$ 1.495 por almoço 

de deputado


R$ 1.495,00 por um almoço em Brasília e pago com dinheiro público.
 Se você acha impossível, então leia!
Esta não é a primeira vez e certamente não será a última que falo 
sobre a Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (Ceap).
 A Ceap é um recurso financeiro disponível a todos os deputados
 federais e o seu valor varia de acordo com o estado de origem do 
parlamentar. Hoje, para os deputados do Distrito Federal, cabe o 
menor valor – R$ 27.977,66. Aos deputados de Roraima, o maior 
valor – R$ 41.612,80.
Mas, para que serve esta verba?
Teoricamente, a Ceap é “destinada a custear gastos exclusivamente
 vinculados ao exercício da atividade parlamentar, observados os limites
 mensais estabelecidos no Anexo…” (Ato da Mesa 43/2009)
O Artigo 2º do Ato da Mesa 43/2009, no item VI diz que o parlamentar
 pode utilizar deste recurso financeiro para custear despesas com
 refeições. Entretanto, apesar de não estar explicitado, outras pessoas
 não podem se beneficiar deste recurso, como assessores, secretários,
amigos e parentes, uma vez que…
“Na Administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal.
 Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo que a lei 
não proíbe, na Administração Pública só é permitido fazer o que a
 lei autoriza”. Meirelles (2000, p. 82)
Com absoluto descaso ao que é público e sem tomar conhecimento 
do que a lei determina, alguns deputados utilizam esta verba para
 pagar despesas com refeições não apenas dele. Pelo menos esta
 é a dedução óbvia que temos ao comparamos as notas e cupons
 fiscais utilizados para o ressarcimento (logo apresentarei outros
 casos similares).
O fato
                   
Nota apresentada pelo deputado garantiu o ressarcimento 
 depois cancelado pela própria Câmara
Era um domingo, primeiro dia de fevereiro do ano de 2015. Vários 
parlamentares se reuniram num dos mais sofisticados e caros
 restaurantes de Brasília, o Dom Francisco, localizado à beira do 
Lago Paranoá. Um verdadeiro cartão postal.
A reunião tinha o propósito de comemorar a posse dos deputados
 federais. Alguns poucos “barrigas-verdes” da política se
 misturaram às velhas raposas matraqueadas e sorridentes.
Um deles, Benjamin Maranhão (SD-PB), após ignorar a ética que
 deveria fazer parte de sua jornada política, resolveu que a sociedade
 trabalhadora brasileira deveria pagar a sua conta, a módica quantia
 de R$ 1.495,00.
Mas, como alguém sozinho poderia gastar tanto assim com
 alimentação em uma única refeição? Talvez não fosse difícil
 se ele estivesse em Mônaco ou Abu Dhabi. Mas a trágica história 
 aconteceu em pleno Planalto Central brasileiro.
No cardápio do pomposo restaurante, o prato mais caro é Bacalhau 
na Brasa e ele não sai por menos de R$ 199,80. Mas, ainda sim,
 como o nobre parlamentar conseguiu chegar ao valor de quase
 R$ 1.500,00?
Não é preciso dizer que é humanamente impossível neste caso, que 
uma única pessoa consiga consumir quase dois salários mínimos num
 único almoço, sendo que bebidas alcoólicas não podem ser ressarcidas.
Então, como se chegou a este valor?
Em contato telefônico com o Noel, assessor do deputado, me foi
 prometido o esclarecimento do fato no dia seguinte, mas a promessa 
não foi cumprida.
Antes de publicar meu vídeo semanal no Youtube que abordaria
 inclusive este tema, eu entrei em contato com a Câmara solicitando
 esclarecimentos acerca deste ressarcimento pouco usual.
O vídeo foi ao ar no último dia 29 e neste mesmo dia, a nota fiscal 
citada “sumiu” do Portal de Transparência da Câmara. A explicação
 veio no dia seguinte em forma de e-mail. A Câmara reconheceu o
 erro e solicitou ao deputado o ressarcimento ao erário público que
 foi prontamente atendido pelo parlamentar.
Câmara admite pagamento indevido a deputado
Porém, tanto o deputado quanto sua assessoria se mantiveram 
em silêncio, demonstrando que não há interesse por parte deles
 de esclarecerem os fatos à sociedade brasileira e nem mesmo a
 seus eleitores.
Para muitos, o caso poderia ser considerado encerrado. Mas há
 fatos nessa história que ainda precisam ser explicados:
1 – Que tipo de verificação é realizada nos gastos da Ceap pela
 Câmara que não identificou este absurdo?
2 – Até que ponto este trabalho da Câmara é confiável?
A verdade é que esta verba indenizatória é extremamente mal 
utilizada. Inúmeros casos envolvendo abusos com o uso deste 
dinheiro já viraram notícias aqui no Congresso em Foco e em
 outros tantos meios de comunicação.
Já houve a “farra das passagens”, a “farra do cotão”, a “farra da 
TV por assinatura” e tantos outros casos que não é compreensível
 entender como ainda nenhum deputado tenha tomado a frente
 para exigir mudanças radicais no uso indiscriminado deste dinheiro
 público.
Em fevereiro, o Congresso em Foco publicou os gastos 
estratosféricos com esta verba na legislatura passada. Foram 
R$ 753 milhões. Dinheiro suficiente para erguer 11 mil casas populares
 ou ainda tirar da miséria absoluta, um milhão de famílias. Este ano, até 
agora, a conta já passa dos R$ 20 milhões.
 levantando dados, cruzando informações e denunciando os atos
 “estranhos” e “inadmissíveis” praticados por políticos que, assim como o
 Sr. Benjamin Maranhão, não tiveram ao menos a hombridade de se 
manifestarem publicamente.
Infelizmente muitos outros casos ainda serão, em breve, apresentados 
aqui por mim.


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